Thursday, May 10, 2018

Duarte Pacheco Pereira: O verdadeiro descobridor do Brasil

Duarte Pacheco Pereira (1460 - 1533)

Duarte Pacheco Pereira, foi um cavaleiro do Reino de Portugal,durante o reinado de D.João II.
Segundo relatos, além de navegador, era um bravo e colérico cavaleiro, entre suas missões a serviço da coroa Portuguesa. Teve seus estudos pagos pelo rei e formado como geógrafo e cosmógrafo, sendo inclusive remunerado pela realeza por seus diversos serviços de seu ofício acadêmico, nos quais ele prestou.

No ano de 1494, surgiu o tratado de tordesilhas e o homem incumbido de assinar esse tratado, em função de sua formação e confiança do rei D.João II, foi Duarte Pacheco Pereira.
O tratado de tordesilhas demarcava terras de além mar a serem, futuramente, possuídas e exploradas pelo Reino de Portugal e o Reino de Castela (Espanha).
O ponto divisor era na ilha de Cabo verde, que fica localizada no oceano atlântico norte, onde foi traçada uma linha vertical e todas as terras descobertas do lado leste pertenceriam a Portugal e o lado oeste, à Castela.

Uma observação importante: Neste tratado, ainda não se tinha noção de qual lado tinha maior porção de terras (como se vê no mapa) pelo motivo obvio e claro de que nem a costa ainda era conhecida, quanto menos o interior. Tampouco o lado do oceano Pacífico já tinha sido explorado. Então o que seria encontrado, cada um em seu território, era praticamente uma "loteria"(não encontrei termo melhor).

Mapa do tratado de tordesilhas

Como não poderia passar despercebido, eis o primeiro fato pré-histórico da malandragem dos nossos ancestrais, com relação à Brasil.

No ano de 1498, o rei já era outro, D. Manuel I (a partir de 1495) e este antão deu a tarefa à Duarte Pacheco Pereira de fazer uma expedição secreta, onde ele teria que desembarcar em terras próximas à linha do tratado e "dar uma olhada" no que havia do lado oeste, pertencente à Castela.
Foi então que por volta de novembro ou dezembro (carece de fontes mais precisas) do ano de 1498 , Duarte Pacheco Pereira desembarcou numa região que seria onde hoje se localiza entre o estado do Maranhão e estado do Pará, e foi adentrando até chegar à foz do Rio Amazonas e Ilha de Marajó  (ver mapa acima para entender a invasão). 

Sem quase nenhuma precisão, esta foi a região onde o Brasil foi de fato recebido pela primeira vez por  uma"delegação" Portuguesa e pela primeira vez explorado, mesmo que não oficialmente. Até porque era uma missão secreta. 

Eis abaixo o trecho do que seria a primeira carta enviada à Portugal descrevendo sobre o Brasil, feita pelo próprio Duarte Pacheco Pereira, chamada de Esmeraldo de Situ Orbis, que nada mais era do que uma "carta técnica", que já era nomeada com esta nomenclatura em outros registros de navegações passadas, que continha algumas descrições das terras encontradas e suas posições em escalas geográficas:

"Como no terceiro ano de vosso reinado do ano de Nosso Senhor de mil quatrocentos e noventa e oito, donde nos vossa Alteza mandou descobrir a parte ocidental, passando além a grandeza do mar Oceano, onde é achada e navegada uma tam grande terra firme, com muitas e grandes ilhas adjacentes a ela e é grandemente povoada. Tanto se dilata sua grandeza e corre com muita longura, que de uma arte nem da outra não foi visto nem sabido o fim e cabo dela. É achado nela muito e fino brasil com outras muitas cousas de que os navios nestes Reinos vem grandemente povoados."  
(Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Duarte_Pacheco_Pereira)
E com um detalhe importante: Ele registrou a abundância de Pau Brasil pela costa "Brasileira".

Mas se você perguntar: "E o ano de 1500, como fica ?"

Resposta: Em 1500, com Pedro Alvares Cabral, a famosa carta de Pero Vaz de Caminha e toda sua turma, foi apenas uma oficialização do "descobrimento do brasil". 

E se Cabral chegou aqui, foi porque Duarte ensinou o caminho.







Monday, May 7, 2018

A Proclamação da República não foi em 1889. Foi em 1993.

"Proclamação da República", 1893, óleo sobre tela de 

Relembrando um fato marcado nos livros de história e outro que se marcado, não tem a mínima importância, mas ambos num paralelo inimaginável

No ano de 1993, houve um plebiscito no Brasil, que na verdade surgiu como uma tentativa de  "ressurreição da Monarquia", que partiu do Deputado Federal Antônio Henrique Bittencourt da Cunha Bueno,  promulgada então pelo presidente interino Itamar Franco, no qual o povo no dia 21 de abril deste mesmo ano, teria de votar num regime de governo Monarquista ou Republicano, sendo o republicano dividido em dois modelos a escolher apenas um: Presidencialista ou Parlamentarista.
Venceu em larga escala o regime Republicano por 86,6% dos votos contra 13,4% dos Monarquistas. E sob 69,2% do modelo Presidencial contra 30,8% do Parlamentar.

Lembrando que desde o período Brasil-Colônia, aqui nesta terra houve diversas tentativas de golpe de estado, sendo uma delas e bem sucedida, a Proclamação da República, no dia 15 de Novembro de 1889. Sim, o feriado da proclamação cujo dia você (e eu também) gosta de fazer churrasco e encher a pantufa de cerveja, comemora-se um golpe ! Um golpe militar liderado por Marechal Deodoro da Fonseca e outros líderes que depois se tornaram nomes de ruas, que alguma dia você já passou por elas (ou passa) mas que faziam parte daquela liderança conspiradora e golpista (pesquisa aí que estou com preguiça de falar sobre cada um).

Deodoro da Fonseca, em princípio, estava muito cauteloso em proclamar formalmente e protelou esse ato por algum tempo, mesmo porque ele durante este período não andava bem de saúde.
Segundo relatos, "um cara sem noção" que acompanhava Deodoro da Fonseca, em público, chegou a levar um tapa de mão cheia, do marechal , porque chegou a gritar (do nada) "Viva a República, pois ele achava que ainda não era o momento e o "sem noção" na hora foi repreendido com uma porrada que chamamos hoje de"tá ligado".
As questões pelas quais essas lideranças e um boa camada da sociedade pedia a república,eram das mais diversas, entre: A burocracia entre militares e autorizações da monarquia, interesses da igreja não atendidos,pobreza e alto índice de analfabetismo do povo (embora os monarquistas jurem que naquele tempo não havia pobreza), os altíssimos empréstimos financeiros que chegaram a uma dívida com a Inglaterra de 20 milhões de Libras Esterlinas (tentativa de calote nos inventores do futebol) gastos com a guerra contra o Paraguai e dentre outros, o motivo talvez mais latente de todos: O da abolição da escravatura, no ano anterior (1888) , onde por vingança, os ex-donos de escravos votaram a favor da república mas não a querendo, mas sim para a monarquia se foder, já que a princesa assinara a famosa e polêmica Lei Áurea e o Barão de Cotegipe, único anti-abolicionista que votou contra essa decisão disse: "A Senhora acabou de redimir uma raça e perder um trono ".

Porém, pra sacramentar o fatídico momento da história em questão, e de uma escrotidão sem tamanho que é a política desse país, desde aqueles tempos, eis o subterfúgio criado para forçar uma tomada de decisão da proclamação: Um dos conspiradores chamado Major Frederico sólon de Sampaio Ribeiro, foi visitar Deodoro da Fonseca em casa, doente como já dito, e maquiavelicamente usou o nome de um inimigo do marechal para que ele apressasse a formalização, onde disse: " Soube que o Silveira Martins vai ser nomeado no dia 20 de Novembro o novo presidente do conselho do império, e que inclusive vai mandar lhe prender ".
Gaspar Silveira Martins e Deodoro da Fonseca, quando serviam ao império, no Rio Grande do Sul, disputaram uma guerra de egos, vaidades e o motivo principal, a atenção da Baronesa do Triunfo, viúva muito bonita, segundo relatos, mas que era havia preferido o Silveira Martins.


Foi então que muito ainda combalido da doença, Deodoro disse: "Então (cof,cof..), está proclamada (tosse de novo) a república !"
Então no dia 15 de novembro ele foi até a praça onde hoje é o Palácio Duque de Caxias, Centro do Rio de Janeiro, subiu num cavalo, tirou o chapéu, deu o famoso grito e depois voltou pra casa, para se curar da doença.

Mas porque a proclamação da república, em 1889, de fato não foi legítima ?


Eis dois trechos de texto colhido do site (http://maisrio.com.br/o-movimento-de-proclamacao) que aqui transcrevo:

" À noite, na Câmara Municipal do Município Neutro, José do Patrocínio (Campos dos Goytacazes / RJ, 1854-1905), - uma das mais destacadas figuras do movimento abolicionista e republicano no Rio de Janeiro - redigiu a proclamação oficial da República dos Estados Unidos do Brasil, aprovada SEM VOTAÇÃO. O texto foi para as gráficas de jornais que apoiavam a causa e só no dia seguinte (16 de novembro) anunciou-se ao povo a mudança do regime e entregue a D. Pedro II uma comunicação cientificando-o da proclamação do novo regime, intimando-o a deixar o país dentro de 24 horas – a fim de evitar conturbações políticas - e oferecendo uma quantia para seu estabelecimento no exterior. D. Pedro II recusou a oferta, e partiu na madrugada de 17 de novembro para Portugal, pedindo somente um travesseiro com terras do Brasil, para repousar a cabeça quando morresse. Institui-se então a República, sendo nessa data que o jurista Rui Barbosa assinou o primeiro decreto do novo regime, INSTITUINDO UM GOVERNO PROVISÓRIO, que vigorou até 1891."
E para completar a a tese da ilegitimidade ...

" Na reunião na casa de Deodoro, na noite de 15 de novembro de 1889, foi decidido que se faria um referendo popular, para que o povo legitimasse, por meio do voto, a república. Porém esse plebiscito só ocorreu 104 ANOS DEPOIS, dentro da constituição vigente, no dia 21 de abril de 1993 (...)".

Em suma, passamos 104 anos vivendo um governo republicano provisório e dentro dele com diversas tentativas e sucedidos golpes, e com golpes dentro de golpes. E nossa república legalmente reconhecida ainda consegue ser mais jovem do que a nossa "democracia", instaurada em 1988.
Mas o que me deixa mais intrigado é o fato da real proclamação (votada pelo povo em 1993) ter sido exatamente no dia 21 de Abril. Será porque seria melhor manter a do do 15 de Novembro já que 21 de Abril é feriado de Tiradentes e assim não abolir um histórico feriado ? Enfim, tudo nesse país é muito esquisito.







Tuesday, April 17, 2018

Gangues de Nova Iorque à moda Brasileira.




Como eu adoraria ter sido cineasta (Brasileiro) somente pra poder fazer um filme tipo Gangues de Nova Iorque, de Martin Scorsese (2002), mas numa versão Tupiniquim.

Nos Estados Unidos, no mesmo século XIX, tudo o que é ilustrado nesse filme sensacional (Gangs of New York), não era diferente aqui no Rio de Janeiro, no que diz respeito às regiões centrais da cidade serem divididas em territórios por gangues, que variavam de acordo com o local onde residiam, etnia, país de origem e também de acordo com interesses políticos, nos quais essas gangues se tornaram, além de grupos formados por perigosos foras da lei, também milícias de candidatos à representantes do povo, em épocas eleitorais.
No Rio de Janeiro, cidade então da côrte imperial, existiram grupos de capoeiras, dos quais formavam "gangues" conhecidas como maltas, mas antes de falar sobre as maltas, um ligueiro resumo de como surgiu a capoeira.

O nome Capoeira surgiu da seguinte forma: Capoeira eram pequenas matas por onde escravos fugitivos se escondiam e usavam de uma técnica de luta criada como uma espécie de "defesa de mãos vazias", com golpes ligeiros e certeiros para em seguida abrir fugas, caso eles tivessem a possibilidade de serem capturados. Os golpes foram inspirados nas brigas de zebras, observadas nas savanas africanas, antes deles cruzarem o oceano, usadas em algumas guerras tribais em seu continente de origem e depois que ficou marginalizada, aqui no Brasil, ficou disfarçada como dança, seguida de batuques e cantorias, para enganar os senhores donos de escravos ou a polícia.

Ataque de capoeira a um capitão.

Johann Moritiz Rugendas (Roda de Capoeira, 1935)


Na Cidade do Rio de Janeiro, o auge das maltas foi na segunda metade do século XIX, com alguns grupos conhecidos como: Carpinteiros de São José, Conceição da Marinha, Glória, Lapa, Moura e as duas Maltas mais famosas, rivais entre uma e outra, que foram consideradas as mais temidas da Cidade, segundo relatos históricos: Os Nagoas e os Guaiamuns. 




Eis o perfil dessas maltas ...

NAGOAS 

- Região de atuação:  Dominavam a região chamada Cidade Velha, que hoje compreende a Urca (marco de fundação da cidade)descendo até o Morro do Castelo e atual região da Praça XV.

- Nome e origens: O nome remete exatamente a Nagô. Grupo formado somente por negros e mulatos,onde mantinham uma tradição Africana, sendo escravos alforriados ou fugitivos. Era proibido o ingresso de imigrantes ou crioulos (*Europeus nascidos no Brasil).

- Identificação: Usavam chapéus com uma cinta de cor branca sobre o vermelho e aba frontal inclinada pra baixo.

- Atuação política: Ligados aos monarquistas do partido conservador.

GUAIAMUNS

- Região de atuação: Dominavam a região chamada de Cidade Nova.
Região esta alagadiça, que servia de rota de passagem, ligando o Centro da Cidade até as regiões rurais (Tijuca e São Cristóvão). Hoje onde compreende a Central do Brasil, Praça Onze, Estácio e Praça da Bandeira.

- Nome e origens: Nome de origem indígena, que talvez remeta ao caranguejo Guaiamum, por conta da região alagadiça (carece de fontes). Grupo formado por crioulos*, mestiços ,imigrantes, homens livres, intelectuais e após 1850 teve a presença de muitos Portugueses. Foram os primeiros a introduzir a navalha como arma dos capoeiras. Presas ao sapato, entre os dedos dos pés ou presas a um cordão, técnica esta conhecida como a "navalha voadora".

- Identificação: Usavam chapéus com uma cinta de cor vermelha sobre a branca e aba frontal inclinada pra cima.

- Atuação política: Ligados aos republicanos do partido liberal.

Guaiamum e Nagoa

Ambas as Maltas brigavam pelo espaço e o destaque dentro do cenário da sociedade Carioca.
Normalmente esses conflitos eram em dias de festas ou quando uma malta invadia o território da outra. Fossem os conflitos "na mão", na navalha ou até mesmo na bengala, pois segundo relatos de época, uma bengalada desmaiava e duas matavam.

Além dos confronto entre as maltas, que eram grupos em geral formados por malandros, marginais e vagabundos, também aconteciam roubos, saques, onde em diversas situações a policia era acionada, os maltas quando não capturados, conseguiam fugir e de vez em quando até "davam um pau" na polícia, e acabou se tornando um problema sério de segurança pública.





Após a Proclamação da República (1889), foi criado o decreto intitulado "Dos vadios e capoeiras", onde a polícia passou a reprimir fortemente a capoeira e seus praticantes. Muitos dos capoeiras foram presos, executados sumariamente, mandados para a ilha de Fernando de Noronha e aos poucos as maltas foram se desmantelando.

E assim como os samurais Japoneses que lutavam com katanas e flechas por seus Shoguns, as gangues de Nova Iorque que se digladiavam com machados, facas e cutelos por domínio da cidade, as maltas que lutavam com navalhas e bengalas por questões políticas ou até mesmo por "simples desafio", chegam todos ao fim num mesmo século. O fim da era de ouro de todos esses guerreiros urbanos, repletos de histórias e lendas, sempre serão dignas de diversos e excelentes filmes.

Fontes bases: Wikipédia e Portal Capoeira.

Sunday, April 15, 2018

Receita de "famiglia": Berinjela Calabresa à Emília Salituri . Porque se comida de vó é boa, imagina de bisavó ?

Berinjela é um alimento não admirado por muita gente.

Existem diversas formas de se preparar uma berinjela.
Ao forno com queijo parmesão e orégano, frita em frigideira com alho e azeite, etc.
Eu como de tudo um pouco, mas confesso que não sou um dos maiores admiradores de berinjela.
Mas ... Como todos nós gostamos de coisas gostosas, deixarei nesse post uma autêntica herança de 'famiglia" e por que não dizer, um patrimônio histórico da "Famiglia Salituri".

Esta receita já foi postada num outro blog,a alguns anos atrás por uma pessoa que conheci, que conheceu minha família e diga-se de passagem, fez um belo post sobre a região da Calábria, no sul da "Bota" (Itália) com uma perfeita descrição da receita , porém, como sou bisneto da pessoa que trouxe da Itália esta receita espetacular, tenho total autonomia de propagar ao Brasil e ao mundo inteiro o segredo da original berinjela à moda Italiana.

Primeiramente, quem foi Emília Salituri ?

Foi minha bisavó materna.
Filha do casal Angelina e Salvatore Salituri, pescador de ofício, desembarcados na Praça XV, Centro do Rio de Janeiro , talvez no início do século XX (as fontes são poucas).
Analfabeta, chegou a ser costureira do Exército Brasileiro, tomava banho de mar na Praia de Santa Luzia quando morava naquela região central do Rio, mãe de três filhos: Laura (minha querida,idolatrada e saudosíssima avó)e tios Jorge e Pedro.
Foi prima de Abraão Salituri ( o mais famoso da família), atleta de esportes náuticos (natação e remo) que foi um dos componentes da primeira delegação Brasileira em olimpíadas, nos jogos de Antuérpia, em 1920.
Avó autêntica Italiana do sul da Itália, região da Calábria. Batalhadora, mas ao mesmo tempo braba,"carinhosa" como um coice de mula, daquelas que xingava e colocava apelido nos netos, como: Tísica (minha mãe, porque ela era magra igual uma tuberculosa), vaca e Olho de boi, meus tios. Isso porque eram netos, imagine se não fossem. E em suma , uma exímia cozinheira, como toda Italiana "raiz".
A receita passou pra filhos, netos, mas dos netos, o que melhor manteve a forma de preparar essa delícia, foi meu tio Paulo, embora minha mãe também faça uma muito boa.

Mas vamos a receita, porque quem tem fome, tem pressa...

4 kg de berinjela. 

Descascá-las e cortar em cubinhos.
Lavar bem no escorredor para retirar o máximo de sementes.
Cozinhar em uma panela com água, sal e três folhas de louro, por vinte minutos.
Após, escorrer a água deixando a berinjela no escorredor por uns trinta minutos, com um prato por cima, para extrair toda a água.
A seguir, temperar e conservar na geladeira.

Temperos 


1 cebola média
½ pimentão vermelho
1 pimenta dedo de moça, sem as sementes
2 dentes de alho grandes
½ molho de salsa e cebolinha
3 colheres. de alcaparras
½ xícara de azeitonas verdes
4 colheres  de orégano
4 colheres de vinagre
Sal a gosto
Azeite extra virgem a vontade

Obs: Os ingredientes do tempero devem estar bem picadinhos.

E, por fim, uma sugestão pessoal: Corte pães frescos em fatias pra comer com esta pasta de berinjela acompanhado de uma cerveja bem gelada, numa tarde de sábado ou domingo.


((FICO DEVENDO A IMAGEM DESSA IGUARIA))





Saturday, April 14, 2018


"Quando a lenda é mais interessante que a realidade, imprima-se a lenda".

John Ford, Cineasta Norte americano 

entre os anos de 1930 e 1960


John Ford   In Memoriam 1894 - 1973

Friday, April 13, 2018

Naqueles tempos, era melhor prevenir. Porque se tivesse que remediar, você estava fodido.

Primeiramente vamos salientar que ninguém gosta de falar sobre remédios e quanto menos ainda, (Deus me livre) fazer deste assunto uma resenha de bar ou quando surge este assunto em almoços de família (que é melhor se enforcar do que ouvir). A não ser para hipocondríacos ou pacientes de alguma doença crítica que trocam informações, que aí sim (entre eles, claro) o assunto teria alguma relevância.

Aliás, aprendi que, uma coisa que não se pode fazer, ao cumprimentar aquela sua vizinha bem idosa e carente de família, é perguntar seguidamente de um bom dia, se "está tudo bem".
Não faça isso ! Você vai ouvir uma verdadeira palestra sobre enfermidades e ouvir o nome de uns 47 remédios diferentes. Mas posso te garantir, que ao ler esse post, você nunca mais vai achar interessante um assunto sobre remédios, como esse que vos escrevi. 

Como tenho por hábito "folhear" alguns periódicos antigos (folhear entre aspas porque são digitalizados), entre os anos de 1900 até algumas décadas em diante, o que mais me chama a atenção não são as matérias e fotografias dos almoços, comemorações, bailes de carnaval e domingueiras da sociedade mais abastada do início do século XX, mas sim as propagandas. Propagandas estas, em especial, da indústria farmacêutica.

Como todo periódico, por longas décadas do século XX, jornais e revistas eram abarrotados de propagandas dos mais diversos segmentos de vendas e serviços, era notória e predominante a exposição de remédios e cosméticos que prometiam trazer a beleza de volta e a cura milagrosa de todas aquelas moléstias comuns naqueles tempos. Por falar em moléstia (acho esse nome engraçadíssimo), fico imaginando eu, vivendo naqueles tempos, criado pela minha bisavó que era uma Italiana daquelas bem ignorantes e brabas e com seus xingamentos mais mirabolantes e risíveis que ela colocava nos netos,ao melhor estilo Italiano do sul da Calábria, seguido de um safanão e vociferando a mim: "Passa daqui, seu moléstia !!!!" Ao me pegar cometendo algum "delito sadio de infância"(leia-se fazer merda),como toda criança merdeira que eu um dia também fui.

Depois de algumas reflexões, fica claro o quanto diversos picaretas (porque o Brasileiro dá aula de picaretagem e "sete-unice" ao mundo como nenhum outro igual), quantos "Zé das Couves alavancaram a industria farmacêutica, em seus fundos de chácaras, nos porões de suas casas e" faturaram rios de Réis ou Vinténs fabricando unguentos, xaropes, cremes e compostos sob um rótulo com nome, por exemplo de "Óleo Prussiano do Dr. Schulbert para moléstias da pele".
Até porque nomes estrangeiros e nomes pomposos de lugares no exterior sempre seduziram o Brasileiro ignorante a comprar. Melhor estratégia de venda.

Então, vamos a algumas imagens desses produtos que prometiam beleza estética de volta e curas milagrosas para estas ... Moléstias ! (risos)


Primeiramente, vamos falar das mulheres, que provavelmente eram as maiores consumidoras desses produtos, já que um dos poucos lazeres que elas tinham, quando não estavam cuidando do lar, era ler jornais e revistas.

1 - O que dizer da revolucionária PASTA RUSSA, do Dr. G. Ricabal, que prometia seios firmes, desenvolvidos e formosos em apenas dois meses ?
Obs: Um sujeito com nome de Ricabal, pode entender de seios ???


Imagem: Jornal O estado de São Paulo, 1918
Confesso que fiquei até com pena das senhoras que levaram fé e compraram o produto.
Fico imaginando elas todos os dias se olhando no espelho,durante dois meses, e o marido ao final dizer que gastou dinheiro e continuou a mesma coisa, pois afinal de contas, era uma sociedade dominada por "Neandhertais" desprovidos de romantismo.

2 - Que tal falarmos do CREME POLLAH ? Que segundo a descrição da propaganda, as causas da "velhice e fealdade" das mulheres tinham solução. 
Obs: Fealdade é eufemismo para feiura.

Imagem: Revista O Malho, 1922

As letras da descrição estão pouco nítidas, mas através das descrições maiores e legíveis, dá para imaginar uma quantidade arrebatadora de vendas do tal Creme Pollah por aquelas moças e senhoras decididas a comprar o produto,principalmente,ao ler uma propaganda que era quase que "um tiro de canhão Soviético" na auto estima de qualquer mulher. Principalmente nas feias.

3 - Nenhum nome melhor, para atrair a todos os públicos femininos, como um remédio chamado: "A SAÚDE DA MULHER ". 

Imagem: Revista da Semana, 1924


Nome este sugestivo ao modo de ser quase que obrigatório a todas as mulheres o terem. Imagino até uma conversa intima entre mulheres em que uma diz a outra: "Minha filha, você precisa tomar A Saúde da Mulher para acabar com esta moléstia ! "
Um remédio que prometia a mocinhas e senhoras, mesmo depois dos 40 e 50 anos e já chamando as quarentonas e cinquentonas que hoje em dia dispõem da saúde de uma jovem,  naqueles tempos já condicionadas a serem velhas.
A Saúde da Mulher "combatia" cólicas uterinas, regras demasiadas, inflamações no útero e ovários, congestões, reumatismo e até mesmo "a obesidade proveniente de uma vida sedentária".

4 - As doenças não eram somente um tormento na vida daquelas senhoras, não. Também tinham as enfermidades masculinas e uma das propagandas que mais eram expostas naqueles prestigiados periódicos, eram remédios para as das chamadas "doenças secretas".  Pra isso, surgiu como"uma cura assombrosa" (escrito exatamente assim no anúncio), chamado ELIXIR DEPURATIVO 609.

Imagem: Revista O Malho, 1918

Segundo o Sr. Manoel Clementino Nascimento (o homem da foto), residente na capital da Bahia, se curou de uma "úlcera sifilítica", que vulgarmente é chamada de cancro duro e que inclusive esta "cura assombrosa" foi adotada pelo Exército Brasileiro pelo Excelentíssimo Senhor Marechal ministro da Guerra. E até agora eu não estou acreditando que o homem da fotografia colocou terno e gravata pra fazer propaganda de remédio pra sífilis.

5 - Mas ... Como remédio nunca foi garantia de cura, até mesmo em pleno século XXI, pelo visto o Elixir 609 não deu certo e lançaram "a maior descoberta para a sífilis", o ELIXIR 914 !

Imagem: Revista O Malho, 1922

Primeiramente, um dado curioso na descrição desta propaganda, onde diz que 95% dos homens "casados, quando solteiros" (ahã...quando solteiros), tiveram doenças secretas e acabaram ficando com elas crônicas.
Dá vontade de voltar no tempo, chegar na revista que publicou e dizer pro criador desta propaganda: "Vais dizer que tu nunca pegou moléstia comendo puta sendo o Sr. casado ??? Ainda mais neste tempo machista que tu vives ???" (Cara, eu tô muito esquerda)

Agora repare que entre 1918,quando surgiu o Elixir 609,até 1922 com o Elixir 914, passaram-se quatro anos e, pela minha fértil imaginação, presumo que foram produzidos e vendidos 305 versões de Elixir entre o 609 e o 914. Mas passados 305 experimentos (isso se não teve outros 608 antes do 609), o 914 chegou realmente pra acabar com esta porra maldita de moléstia chamada sífilis (agora vai !!!!!). Mas pelo visto, depois de 914 tentativas, o "perseverante" fabricante do Elixir acabou fechando as portas e certamente, o Sr. Manoel Clementino Nascimento, morador da capital Baiana, perdeu o pau pra sífilis antes de lançarem o 914.

6 - Houve também propagandas com gravuras das mais sem noção, como por exemplo, LAVOL.
Que fazia desaparecer, num curto espaço de tempo, dores ardentes, comichões, crostas duras, escamas (risos), feridas deitando água, erupções venenosas (que porra é essa?), espinhas e por fim, qualquer defeito da pele.

Revista O Malho, 1919

Repere que o rosto desenhado da propaganda contém centenas de erupções,como popularmente e vulgarmente chamaríamos hoje de: Rala-Coco, Reloginho, Solda Elétrica, Kikita, Bexiguento, Campo Minado, Cara de Areia Mijada e entre outros nomes de acordo com sua região e cultura.
Enfim, isso tudo era "curado" (de acordo com a gravura), uma simples derramada de Lavol na cara, e assim, todas as moléstias "sumiam" como num passe de mágica.

7 - Tinham também propagandas cujas gravuras assustariam qualquer criança que a visse, como era o caso do anúncio do xarope ALCATRÃO GUYOT. 

Revista O Malho, 1918

Imagina uma criança desesperada, na hora de dormir, depois de ver esta imagem assustadora, o pavor em saber que um parente em sua casa estava isolado no sótão ou no porão com os seres demoníacos  Tuberculose e Catarro que ele viu na revista ? 

8 - Falando em crianças, o que dizer do LACTOVERMIL, que segundo a propaganda, quase toda criança Brasileira tinha vermes, apesar da boa aparência.

Revista da Semana, 1924

Mas hoje em dia um título tão incisivo como "Salve seus filhos dos vermes", não chamaria mais a atenção das mães assim como o Lactovermil não sobreviveria até os dias de hoje.
Essas crianças de hoje não pegam mais vermes e alergias em parquinhos, pois agora os parquinhos são com areia anti-alérgica.
Assim como daqui a alguns anos vou poder chegar pra alguns adolescentes chatos, mimados, ao dizerem que "a melhor geração é a deles" e dizer: " Quem é você que nunca teve um verme quando criança pra falar da melhor geração ???"

9 - E seguindo na pegada dos vermes e outras moléstias (adorei essa palavra) do intestino, eis a propaganda do LAXANTE JUBOL, cuja gravura é de fácil e profundo entendimento. 

Imagem: Jornal O estado de São Paulo, 1939



Não dá pra ler, mas talvez teria uma descrição do tipo: Jubol tem "agentes limpadores e especialistas" em combater: Prisão de ventre, enterite, hemorroidas, dispepsia (what porra is this?)
e inclusive ... Enxaqueca !!!
Mas dentro da minha ignorância sobre conhecimentos médico, pergunto: O que tem a ver curar um órgão que tem muito mais ligação com cu com do que com o cérebro, pra dizer que também cura enxaqueca ? Deixa pra lá ...

10 - Vamos também deixar aqui postado,, uma propaganda que nos dias de hoje, seria certamente execrada pela patrulha do politicamente correto, em relação a pessoas acima do peso. Em 1923 (em periódico de fonte desconhecida), os fabricantes do tônico NEUROTONE lança o seguinte anúncio:
" A gordura é um mal.
Malditas banhas !
Lá perdi outro bonde ..."
Imagem: Extraída do site Propagandas Históricas

E aqui me furto de fazer qualquer tipo de comentário, pois vai que a patrulha do politicamente correto, ferrenha vigilante dos meios de comunicações sociais, resolve me execrar também.
Mesmo embora eu provasse que também estou acima do peso.

11 - E naqueles tempos já existiam garotos propagandas famosos por todas as gentes, como foi o caso do renomado e prestigiadíssimo poeta e jornalista, Olavo Bilac (como um Neymar garoto propaganda daqueles tempos), que se curou da tosse usando xarope BROMIL, em propaganda do Jornal do Brasil de 1912.

E junto à propaganda, ainda teve uma ligeira pontinha de palavras poéticas ao dizer que se curou de uma "bronquite pertinaz" após tomar Bromil. 
Mas morreu 6 anos depois, aos 53 anos.


12 - Por último,sabido pela maioria das pessoas e não poderia deixar de fora já que falamos em remédios de antigamente, a famigerada dupla, tão amada e ao mesmo tempo odiada pela sociedade: MACONHA E COCAÍNA, na farmacologia que fizeram parte da "cura" dos nossos ancestrais.
Fonte original desconhecida


Cigarros de "índios" da Grimault & Cia eram recomendados para quem sofria de: Asma, catarros, insônia (nisso eu acredito), até mesmo pra quem sofria de roncaduras (roncos) e  flatos (peidos).


Imagem: Extraída do site Smoke Buddies


13 - E pra fechar de vez essa patifaria toda, uma propaganda em que aparecem duas crianças fofinha brincando, enquanto o anúncio em questão era: DROPS DE COCAÍNA. 

Imagem: Extraída do site Portal História da Farmácia


Para curar dor de dentes (imediato), fatiga do corpo e da mente, anemia, neuralgia, desânimo, desalento, tudo isso por apenas 15 centavos e aconselha que o comprador recuse "substitutivos e imitações". E o detalhe mais importante, claro: Vendido em todas as drogarias. 






Thursday, April 12, 2018

O Brasileiro é uma Avenida Rio Branco.



O "bota-abaixo" que eu vi. E que eu não vi.

Lembro dos anos de 2013 e 2014, quando eu pegava ônibus para descer na Avenida Rio Branco, para depois ir andando até uma antiga empresa em que trabalhei.
Ônibus estes vindos da zona norte da cidade.
Eu sentava no acento junto à janela, do lado esquerdo do carro, para observar as obras feitas na pista sentido Avenida Presidente Vargas. Não para observar as novas pavimentações ou colocação dos trilhos do VLT (Veículo leve sobre trilhos) que estavam a ser implantados. Antes disso.
Mas sim para observar as escavações feitas por operários da empreiteira e durante um tempo, sem progredir a obra em longos trechos porque haviam encontrado um sítio arqueológico.
Encontraram diversos resquícios de fundações de casas muito antigas (que hoje teriam entre 200 e 300 anos de construídas) que eu sabia que foram de residências demolidas para a construção da Avenida central (atual rio branco), lá no início do século XX.
Sob a intervenção e desejo do Prefeito Francisco pereira Passos (mandato entre 1902 e 1906), sob o desejo de "embelezar" e transformar a Cidade do Rio de Janeiro numa "Paris dos trópicos",entrou em ação o plano que ficou conhecido como o "bota abaixo", onde cerca de 1.700 imóveis foram desocupados e demolidos, fazendo com que a maioria da população, no menos pior dos casos, teve de se deslocar e se alojar naqueles cortiços, onde hoje se encontra a Avenida Presidente Vargas (mas não ainda construída a Presidente Vargas), que mais tarde, final dos anos de 1930, também entrou num "bota abaixo" e mais de 500 edifícios foram demolidos, entre eles, algumas igrejas das quais hoje em dia seriam quase que tri-centenárias. E no pior dos casos, a população desalojada acabou indo construir seus barracos e morar onde é o Morro da Providência, a primeira favela da cidade.

Antes do "bota-abaixo" que nem minha avó viu.

Até meados do século XIX, aquela região que mais tarde seria a atual Avenida rio Branco, era tomada por casas e sobrados de famílias abastadas, que depois estas famílias vieram a "desbravar" e construir suas novas e modernas residências em outros cantos da cidade como Glória, Catete, Botafogo, São Cristóvão (bairro nobre durante os tempos em que ali residia a família imperial),Tijuca e mais algumas outras regiões adjacentes que se tornaram áreas nobres.
Com essa migração, famílias mais pobres começaram a ocupar estas casas desvalorizadas ou abandonadas e ali se tornou outra região de cortiços, com casas de moradias precárias, sem nenhum sistema de saneamento,com ruas escuras, imundas,fétidas, perigosas e a convivência dia e noite com vagabundos perigosos e meretrizes. Ou seja, como em qualquer outro lugar da cidade, nada era glamouroso como nas novelas e mini-séries Globais. Qualquer esquina do Centro da Cidade era a ante-sala do inferno.

Uma Paris de fachada: Na fachada dos prédios e na alma do povo.
Demolidas as casas e passado o traçado daquilo que seria o "nosso" Boulevard Saint-Germain Tupiniquim, chegou a vez de construir os edifícios.
Foi aberto um concurso de fachadas de edifícios em estilos arquitetônicos predominantemente neoclássicos, disputado por dezenas de arquitetos Brasileiros e estrangeiros, onde primeiramente foram construídas apenas as fachadas.
Sim e acredite ao pé da letra: Somente fachadas ! Só depois que vieram a ser construídos os interiores desses edifícios. Uma conclusão que se tira em cima desse fato é que a mania do Brasileiro "viver de fachada" já não é de hoje e está totalmente enraizada na alma deste povo.
Finalmente inaugurada em 1905, eis o fato mais típico e emblemático da época:
Quem poderia passear e fazer deleite da nova e pomposa avenida ?
Não encontrei nenhum registro ainda sobre cor e posição social das pessoas que poderiam fazer uso, mas a regra principal era: Trajes a rigor.
Sim, os homens tinham que usar fraques, cartolas, bengalas, as mulheres vestidos  chapéus ao estilo Francês e ainda há relatos de que nos cafés as pessoas mais cultas só conversavam em língua Francesa. Assim como era corriqueiro as pessoas se cumprimentarem (sabendo falar Francês ou não) com um "Vive la France".
Ou seja, aonde você um dia pegou muito ônibus pra ir pro subúrbio ou então alguma vez vomitou bêbado pelas calçadas da Rio Branco,em pleno carnaval, a um século atrás você do jeito que é hoje, não chegaria nem perto esquina. 


As velhas (e atuais) retóricas de "melhorar para a população".

Com a Rio Branco já popularizada e "entregue ao povo", vários daqueles "novos" edifícios, não chegaram nem aos setenta anos de construídos e foram demolidos para construção de outros edifícios mais modernos, que existem hoje. Os notáveis "espigões", de trinta e quarenta pavimentos que muitos de nós já entramos algum dia, em algum escritório, consultório,etc.
Talvez o caso mais emblemático e criminoso tenha sido a demolição do Palácio Monroe, inaugurado em 1904 para sediar O pavilhão Brasil na Exposição Universal, recebendo a medalha de ouro no Grande Prêmio Internacional de Arquitetura, poucos anos depois sediar outras conferências internacionais e artísticas, e mais tarde veio a ser por diversos anos, a casa do Senado Brasileiro.
Em 1976, com apoio do Jornal O Globo e o Arquiteto Lúcio Costa, sob alegação de que o edifício "atrapalhava o trânsito" e sob aval do Presidente Ernesto Geisel , de que ele "ofuscava a visão para o monumento dos pracinhas mortos na segunda grande guerra mundial, o palácio foi demolido e construído alí a atual Praça Mahatma Gandhi, que hoje apenas abriga um chafariz, moradores de rua e é um local cujo seu espaço "super atrativo e frequentável", serve apenas como mais um local muito "útil" sim, à população. Ser assaltado, logicamente.
Não só o Palácio Monroe foi demolido , como diversos outros edifícios maravilhosos também vieram abaixo.
Neste caso já fica notório e evidente que aqui não se tem nenhum critério entre separar o novo do velho e muito menos somos de um povo que valoriza suas memórias.

Mudanças que mudaram porra nenhuma.

Em dias mais recentes, já não mais de costume andar pela rio Branco, andei por algumas centenas de metros nessa avenida e me "deu um estalo na ideia", que me levou a fazer esse post: Reparei que nos únicos trechos onde ainda são permitidos transitar carros de passeio e ônibus, todos os ônibus tinham como destino, em seus letreiros, somente bairros da zona sul.

- Conclusão pessoal número um:

Logicamente e somente por conta de Copa do Mundo e Olimpíadas (não foi pro bem da população), acabaram com uma das vias mais "arteriais" do centro da Cidade, onde passavam dezenas de linhas de ônibus para zonas norte, sul, oeste e regiões de Niterói e dar lugar a um "trenzinho turístico" que só circula pelos sub-bairros do Centro. E de vez em quando o sistema desses VLT dá alguma pane.

- Conclusão pessoal número dois e conclusiva (com redundância mesmo):

Como sempre, e centenariamente, a desculpa do "progresso e legado que tais eventos vão trazer", os fatos históricos e recentes comprovam mais uma vez que essas obras de mudança que não mudam nada.
E como sempre, desde os tempos em que o Real era Réis, é sempre o trabalhador operário e o pobre que se desloca para outro lugar e muda sua rotina por conta de outras  novas empreitadas que sempre irão surgir e servirão apenas para grandes empreiteiros dessas obras e chefes de estados gastarem milhões na França verdadeiramente Européia, e daí sim, eles podem dizer ao povo:
"Agora a França Tupiniquim pode ficar pra vocês. Não precisamos mais dela."

A Avenida Rio Branco é o próprio retrato do nosso povo. Inclusive no carnaval.